Por que desisti de um trabalho apaixonante depois de dois episódios de burnout
Hoje quero contar para vocês por que eu desisti de um trabalho que eu amava depois de viver dois episódios de Burnout.
SAÚDE MENTALCARREIRA
Luciene Rochael
9/10/20233 min read
Em 2019 eu comecei a produzir velas de massagem e perfumes terapêuticos para uso pessoal. Comecei a compartilhar com as pessoas sobre as minhas criações e, em alguns meses iniciei a produção para atender a demanda de clientes e amigos que se interessam. Para minha surpresa - pois nunca imaginei que iria trabalhar criando velas perfumadas, sachês, velas de massagem, perfumes de ambiente - o que era diversão e curiosidade virou um negócio, me profissionalizei, fiz cursos, estudei, pesquisei, especializei, abri um e-commerce e me tornei uma MEI (micro empreendedora individual).Literalmente mergulhei no universo do empreendedorismo, desenvolvi muitas habilidades, foram muitos aprendizados e quase cinquenta produtos lançados em três anos empreendendo. Todo mês, eu queria criar algo novo, experimentar, esse tipo de negócio me possibilitava exercitar a criatividade, autonomia e a liberdade de criar um trabalho que expressasse quem eu era. Cada produto era fruto de muita pesquisa, trabalho e um processo complexo. Eu trabalhava sozinha, era responsável por todas as etapas do processo, desde a ideação do produto, o protótipo até a implementação.
Porém, o que era prazer e satisfação começou a dar lugar para uma ansiedade extrema, tensão, autoexigência e muito perfeccionismo. Eu atuava como psicóloga clínica simultaneamente à loja online de aromas e ainda tinha que dar conta das demandas da maternidade e da casa. Meus finais de semana eram de trabalho, embalar os pedidos da loja, criar rótulos, produzir velas. Lembro-me de um sábado que acordei às quatro da madrugada para produzir velas. Quando se aproximavam datas importantes como dia das mães, dia dos namorados ou natal, o trabalho triplicava. Eu ficava muito tempo em pé, produzindo, embalando, conferindo pedido e tudo que envolvia o negócio. Em pouco tempo, eu sofria de insônia, bursite no quadril, alergias, dor na lombar, irritabilidade, ganho de peso, queda de cabelo e uma blefarite que me tirou do sério.
No final de 2020, depois do primeiro episódio de burnout, eu fiz uma pausa. Deixei a loja "off" por um período de aproximadamente quatro meses. As pessoas começaram a me procuravam e eu me senti pressionada a atender às expectativas delas. Retomei as atividades tentando dar um novo rumo para meu negócio, só quem em 2022, cheguei à exaustão extrema, eu vivi o segundo episódio de burnout e decidi encerrar as atividades definitivamente. Foi uma decisão muito difícil, porque eu tinha clientes muito queridas, eu gostava de criar sinergias e coleções, mas o cansaço era muito maior que o prazer e a minha saúde precisava de cuidados. Eu queria muito ter a minha vida de volta, descansar aos finais de semana, passear com a família, ter tempo para cuidar de mim. Tudo o que eu desejava era ser uma pessoa normal, simples assim. Eu desejei um trabalho criativo, que me desse liberdade de tempo e que fosse a minha cara e, até consegui, de certa forma. Mas esse trabalho custou a minha saúde e a minha liberdade, porque o trabalho se apropriou da minha vida pessoal.
Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um disturbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. Essa síndrome surge por excesso de trabalho vinculado à pressão. O termo “Burnout” vem do inglês e é uma união de duas palavras: “burn”, que quer dizer queimar, e “out”, que significa exterior. Então, a Síndrome de Burnout pode ser caracterizada como uma queima de fora para dentro, ou seja, fatos externos que causam muita pressão no interior, na mente. Ela pode resultar em graves estados depressivos e episódios de ansiedade, por isso, como veremos no decorrer deste texto, a prevenção é muito importante. Os sintomas que podem indicar o Burnout são muitos, e você não precisa sentir todos eles para ser diagnosticado. Na maioria das pessoas, os sintomas aparecem de forma leve e vão piorando com o passar do tempo. Os portadores do Burnout geralmente pensam que estão apenas cansados e que se trata de um mal-estar passageiro. Essa síndrome evolui muito rapidamente para casos severos de depressão e ansiedade. Atente-se se você estiver sentindo: exaustão extrema, física e mental; dor de cabeça frequente; alterações no apetite: sentir mais ou menos fome; insônia; sentimentos de fracasso e insegurança; dificuldades para se concentrar; pensamentos negativos constantes; sentimentos de derrota e incompetência; desânimo; alterações de humor; aumento da pressão arterial; dores musculares; isolamento; alteração dos batimentos cardíacos; problemas no sistema gastrointestinal (estômago e intestino).
Até o presente momento, eu ainda estou me recuperando, cuidando da minha rotina, alimentação, descanso e adaptando meu trabalho à minha vida e não o contrário, como a maioria de nós o fazemos. Espero que esse conteúdo tenha chegado até você e lhe traga muitas reflexões.
Abraços, Luciene Rochael