Entendendo a mente deprimida

A depressão tem uma mente própria, isso significa que quando se está deprimido, existem generalizações do tipo “nada dá certo“, não se dar crédito pelo o que se faz e ainda se rotular como fracassado ou perdedor. A pessoa deprimida estabelece padrões exigentes que nunca conseguirá satisfazer, ela precisa da aprovação alheia ou quer se sobressair em tudo o que realiza, saber ou ter certeza que algo vai dar certo antes de tentar. O pensamento do deprimido a mantém aprisionada na autocrítica, hesitação e inércia. E a gente se pergunta: mas de onde surge tanta negatividade?

Quando analisamos a mente deprimida, podemos afirmar ela é uma estratégia adaptativa para lidar com alguma privação, ou seja, se algo de ruim acontece com você, significa que outras coisas ruins irão acontecer. E se algo de bom acontece, logo o indivíduo pensa como se fosse algo incomum e que não prediz mais acontecimentos bons. Se a pessoa não obtém sucesso no que faz, isso é sinal de que ela deve desistir. Portanto, a depressão é uma estratégia evolutiva para lidar com a escassez, com perdas maiores.

O modo operante da mente deprimida é “se você sofreu algum revés na vida, o que lhe sobrou é muito pouco, portanto é melhor ser cuidadoso, não correr riscos, afinal de contas, você não quer sofrer mais e pode acabar sem nada”. Essa é uma forma de pessimismo estratégico.

Os deprimidos são incansavelmente pessimistas mesmo quando os fatos são positivos. Tendem a ter uma visão negativa de si mesmo, das suas experiências do futuro e tudo o que realizam parece um “fiasco“. Não conseguem desfrutar de nada, são relacionamentos são maçantes e exigentes. Sua visão do futuro é obscura e essa negatividade é expressa em pensamentos negativos automáticos do tipo:

• Ler a mente dos outros. (“Ele acha que sou um fracasso“)

• Adivinha a sorte (“Serei demitido“)

• Catastrofizar (“Seria insuportável se eu fracassasse.”)

• Rotular (“Eu sou indesejável“)

• Ignorar aspectos positivos (“Aquela conquista foi fácil, não conta não“)

• Filtrar o negativo (“O pessoal do trabalho não gosta de mim.”)

• Foco no julgamento (“Olha só como a fulana joga bem, eu não“)

Esses pensamentos automáticos são bem familiares para os deprimidos distorcendo a forma a pessoa pensa sobre si mesma e sobre suas experiências sendo necessário avaliar suas crenças e praticar novos padrões de pensamento. Elas atribuem um resultado negativo à sua própria falta de capacidade, esforço ou simplesmente à má sorte. Por exemplo: “não me esforcei o suficiente”, “não sou tão inteligente“. Depois de identificar o pensamento automático, a pessoa pode experimentar um estilo diferente de pensamento acerca das causas em vez de atribuir a um erro seu para o qual não há esperança de mudança.

Muito do sofrimento que a depressão causa é criado na mente e existe uma forma e podemos mudar isso nos distanciando e observando a nossa mente, como se estivéssemos assistindo um filme. A consciência plena é uma forma de experimentar o mundo, incluindo o mundo interno, no qual você está consciente no momento presente. Na consciência plena você modifica sua relação com os pensamentos. Não tentando modificá-los ou eliminá-los, mas apenas o observando-os. Quando uma pessoa está deprimida, ela confunde seus pensamentos com a realidade.

Na consciência plena você pratica o distanciamento ciente dos seus pensamentos como apenas pensamentos, observando como eles surgem e depois desaparecem sem esforço algum. O treinamento da consciência plena pode ajudá-la a vencer a depressão e prevenir episódios futuros.

A depressão também pode reduzir o seu prazer em atividades das quais você costumava desfrutar. Portanto, é importante lembrar que quanto mais você realizar atividades, mais o prazer aumentará, é como investir um pouco todos os dias para receber um montante maior posteriormente. É difícil se sentir deprimido quando você pensa, age e sente de uma forma diferente.

A desesperança também é um dos sintomas graves da depressão e você não consegue acreditar que voltará a se sentir bem. Porém, aja contra a sua desesperança! Comece com: “onde eu quero estar?” ou ” “o que quero que aconteça na minha vida?” Realizando algo hoje, você está fazendo um pequeno progresso, um pouquinho de cada vez e isso te dará esperança.

‘Mas Lu, já tentei de tudo e nada resolveu.” Será mesmo? Com o tempo surgem novas intervenções, novos medicamentos, novas formas de terapias, portanto, há esperança sim! A falta de esperança se refere ao futuro. Não existe falta de esperança no momento presente. Enquanto você vive o momento presente, experimentando, ouvindo, sentindo, percebendo, você pode encontrar algo que te faz sentir vivo. Estar vivo é estar consciente, abandone o julgamento, deixe sua necessidade de controle e o futuro e fique aqui, no momento presente, pois nele não há falta de esperança. Existe apenas o agora.

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