Como ajudar sem se esgotar?

Várias teorias que procuram explicar o porquê do comportamento pró-social (comportamento de ajuda). São diversos os fatores que entram em jogo no comportamento de ajuda. Eles dizem respeito às características daquele que ajuda, a seus recursos, a estado de alma, à competência que possui e à eficácia prevista em sua ação.

SAÚDE MENTALCARREIRA

Luciene Rochael

5/9/20233 min read

Várias teorias que procuram explicar o porquê do comportamento pró-social (comportamento de ajuda). São diversos os fatores que entram em jogo no comportamento de ajuda. Eles dizem respeito às características daquele que ajuda, a seus recursos, a estado de alma, à competência que possui e à eficácia prevista em sua ação.

O estímulo para ajudar é influenciado também pela percepção das necessidades da pessoa em dificuldade, pela semelhança da vítima com o profissional de ajuda, pelos benefícios que podemos conseguir (econômicos, emocionais, aliviar os próprios sentimentos), uma forte capacidade empática, normas pessoais e sociais (justiça, responsabilidade) e também o interesse pelo outro, o desejo de apoiar e reforçar socialmente o outro.

Toda e qualquer ajuda exige a capacidade de mediar o relacionamento de assistência e cuidado, de expressar compreensão ou compaixão, interpretar e compreender a experiência do outro e decidir ações eficazes. E ao ajudar os outros, devemos evitar a “armadilha do Messias” que implica em ajudar o outro esquecendo de ajudar a si mesmo, ou seja, as necessidades do outro têm precedência sobre as próprias.

Ajudar exige muita energia que, inesperadamente, pode faltar. Podemos sofrer da “fadiga de compaixão” que se manifesta como um esgotamento físico, emotivo, acompanhado de sofrimento agudo. Durante a “fadiga por compaixão”, o “ajudante” continua a se dedicar ao outro e tem grande dificuldade de manter uma empatia sadia, um equilíbrio entre o envolvimento e a distância.

No caso dos profissionais de ajuda, o volume de trabalho é tão grande que falta tempo para um cuidado adequado e o profissional acaba por renunciar outras coisas fora do trabalho. Cria-se entre quem ajuda e quem é ajudado um círculo de vulnerabilidade. E o que fazer quando existe um esgotamento em ajudar? Cuidar de pessoas que estão vivendo um trauma, um acontecimento extremo faz o profissional ou pessoa que ajuda viver um traumatismo vicário, uma espécie de contágio por exposição contínua à dor do outro e envolvimento demasiado. Para ajudar sem se esgotar é preciso:

  • Dizer não sem se sentir culpado por isso;

  • Perguntar-se qual é o sentido do próprio trabalho e da própria vida;

  • Aprender a cuidar de si mesmo;

  • Não se fechar a própria identidade dentro do papel profissional;

  • Desenvolver outras atividades fora do trabalho;

  • Conversar com alguém que compreenda o seu desafio;

  • Buscar um grupo de apoio;

  • Identificar a fonte do problema.

Se o foco é a saúde e bem-estar, esta não é somente de quem recebe ajuda, mas dos profissionais e e ajudantes, em última análise, a da organização, da sua forma de funcionar, no significado que tem para quem trabalha nela e o espaço no qual permite que os indivíduos exerçam a responsabilidade pela própria saúde. Um fator que influencia e funciona como um “isolante” aos acontecimentos estressantes e de recuperar-se diante de situações de sofrimento é o apoio. Eu vou citar quatro tipos de apoio:

  • Apoio emotivo: permitir a expressão dos sentimentos, avaliar e reforçar a autoestima do cuidador;

  • Apoio informativo: fornecer o conhecimento que ele precisa, dá-lhe otimismo e reduzir sentimentos de impotência e vulnerabilidade;

  • Apoio instrumental: ajudar a resolver alguns problemas relacionais e organizacionais e retomar o controle da situação;

  • Apoio de avaliação, feedback de análise que o ajuda a avaliar as experiências que está vivendo como experiências compartilhadas.

Especialistas e estudiosos afirmam que os significados e valores são um antídoto importante para o estresse, seja no trabalho ou na esfera pessoal. O desejo de dar sentido à nossa própria vida constitui a principal força motivadora do ser humano. Para melhorar a relação de ajuda e de cuidado é preciso passar de um modelo terapêutico centrado na doença (no distúrbio e no déficit), que se torna facilmente centrado no profissional e na estrutura, para um modelo centrado na pessoa que pede ajuda e atento aos vários fatores biopsicossociais que influenciam o mal-estar e o sofrimento, a saúde e a cura.

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Por Luciene Rochael